domingo, 26 de junho de 2011

Após perder o movimento das pernas, vítima do massacre de Realengo diz que voltará a ser atleta

Após perder o movimento das pernas, vítima do
massacre de Realengo diz que voltará a ser atleta

Thayane Tavares disse que médicos chegaram a falar que ela não andaria mais
Evelyn Moraes, do R7 | 26/06/2011 às 17h37
Arquivo pessoal / Thayane Tavares
Arquivo pessoal / Thayane Tavares
Mãe de Thayane, Andreia Tavares, acompanhou o tratamento da filha enquanto ela esteve internada
Publicidade
Depois de passar 68 dias internada, a menina Thayane Tavares Monteiro, de 13 anos, disse que tem certeza que voltará a ser atleta. Ela foi baleada na barriga, na cintura e no braço durante o massacre do dia 7 de abril na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. Desde o dia do atentado, a menina não conseguiu mais mexer as duas pernas. Ela contou que os médicos chegaram a falar que ela não poderia mais voltar a andar.

- Os médicos diziam que eu não iria mais andar, mas eu tenho certeza que vou conseguir. Eu corria e saltava e eu vou voltar a fazer tudo isso.

Thayane ainda não voltou a estudar, mas a mãe da adolescente, Andreia Tavares, disse que a filha vai acompanhar as matérias ensinadas na escola de casa.

- Eu já assinei os papeis e ela vai começar a fazer o acompanhamento de casa.

Thayane está fazendo fisioterapia em casa. Nos próximos dias, ela começará um novo tratamento na Rede Sarah (hospital de reabilitação).


Um pouco traumatizada ainda, Thayane disse que não quer voltar para a escola enquanto estiver na cadeira de rodas. Ela disse que viu os amigos morrerem, mas que não tem raiva do atirador Wellington Menezes, apenas pena dele.

- Eu não quero voltar para a escola assim, na cadeira de rodas. Ainda não sei se vou voltar para a Tasso da Silveira. Perdi nove amigos. Não tenho raiva dele, tenho pena, porque ele era maluco.

A adolescente contou que já reencontrou todos os amigos do colégio e que está recebendo o apoio deles, da família e do namorado Diego.

- Já reencontrei todo mundo. Eles têm me dado muito apoio.

Logo que saiu do hospital, a menina matou o desejo de comer a comida da avó. Aproveitou o tempo frio e escolheu o caldo predileto.
- O que eu mais queria era comer a sopa de ervilha da minha avó.  Entenda o caso
Por volta das 8h do dia 7 de abril, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, entrou no colégio após ser reconhecido por uma professora e dizer que faria uma palestra (a escola completava 40 anos e realizava uma série de eventos comemorativos).
Conheça as vítimas do ataque à escola Tasso da Silveira
Acompanhe a cobertura completa do caso
Armado com dois revólveres de calibres 32 e 38, ele invadiu duas salas e fez dezenas de disparos contra estudantes que assistiam às aulas. Ao menos 12 morreram e outros 12 ficaram feridos.
Duas adolescentes, uma delas ferida, conseguiram fugir e correram em busca de socorro. Na rua Piraquara, a 160 m da escola, elas foram amparadas por um bombeiro. O sargento Márcio Alexandre Alves, de 38 anos, lotado no BPRv (Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário), seguiu rapidamente para a escola e atirou contra a barriga do criminoso, após ter a arma apontada para si. Ao cair na escada, o jovem se matou atirando contra a própria cabeça.
Com ele, havia uma carta em que anunciava que cometeria o suicídio. O ex-aluno fazia referência a questões de natureza religiosa, pedia para ser colocado em um lençol branco na hora do sepultamento, queria ser enterrado ao lado da sepultura da mãe e ainda pedia perdão a Deus.
Os corpos dos estudantes e do atirador foram levados para o IML (Instituto Médico Legal), no centro do Rio de Janeiro, para serem reconhecidos pelas famílias. Onze estudantes foram enterrados no dia 8 e uma foi cremada na manhã do dia 9.
Oliveira só foi enterrado na manhã do dia 22 porque nenhum parente compareceu ao IML para liberar o corpo no prazo de 15 dias. O cadáver foi catalogado como "não reclamado" e sepultado em uma cova rasa no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona norte, após autorização da Justiça. Fonte G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário