sábado, 2 de julho de 2011

Doença de Chávez altera cenário político


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sexta-feira, 1 de julho de 2011 - 21h13 Atualizado em sexta-feira, 1 de julho de 2011 - 22h13

Doença de Chávez altera cenário político

Com a ausência de Chávez, o cenário político do país se torna incerto
População demonstra apoio a Chávez / Foto: Juan Barreto/ AFP População demonstra apoio a Chávez Foto: Juan Barreto/ AFP O câncer que acomete o presidente Hugo Chávez transformou o cenário político da Venezuela, onde haverá eleições presidenciais em 2012, e mostra que o chefe de Estado, que continua governando, a partir de Havana, é o único motor de um governo desorientado por sua ausência.

"É uma situação incerta, mas sem dúvida há uma quebra, uma inflexão. A política caiu em si. Superman não é Superman, é um ser humano que abusou de seu corpo e agora, recebe a conta", disse à AFP Margarita López Maya, historiadora e coordenadora do livro "Ideas para debatir el socialismo del siglo XXI" (Ideias para debater o socialismo do século XXI, em tradução literal).

O anúncio de que Chávez foi operado de um tumor maligno em Cuba e deve continuar um estrito tratamento para sua total recuperação ocorre em um momento em que a situação e a oposição esquentam os motores para as eleições presidenciais de 2012 na Venezuela.

Chávez, no poder desde 1999, aspira a um terceiro mandato neste pleito. Nada indica, no dia de hoje, que não poderá cumprir seus planos políticos, uma questão que por enquanto permanece um tabu. O próprio presidente confidenciou na quinta-feira sua cura total, mas não antecipou uma data de retorno à Venezuela.

"É um cenário novo. Chávez não tem substituto. Trata-se de uma liderança messiânica, com grande concentração de poder. Esta situação não só tem impacto no governo, mas também na oposição", afirmou à AFP Alexander Luzardo, doutor em Direito Político e professor universitário.

Segundo o especialista, se o presidente se vir obrigado a renunciar às suas aspirações em 2012, podem aparecer vários candidatos nos dois campos.

"No PSUV (partido do presidente), como não existe a figura de 'segundo de Chávez' pode haver uma proliferação de aspirantes. Na oposição, também podem surgir vários candidatos" se seu adversário nas urnas não for Chávez, afirmou.

Para Lopez Maya, nos regimes personalistas, as disputas internas pelo poder são visíveis rapidamente. Nas fileiras chavistas, há "grupos que o presidente mantém unidos, mas que entre eles não se podem ver, nem falar", afirmou.

Na opinião de Demetrio Boersner, doutor em Ciência Política e ex-embaixador, esta situação política inédita poderia ter um efeito positivo: "um diálogo e uma certa aproximação entre grupos" hoje irreconciliáveis.

"O governo pode sentir que precisa de um mínimo de consenso nacional. O presidente leva dois anos dividindo os venezuelanos entre bons e maus", comentou à AFP.

Desde o anúncio de que Chávez sofre de câncer, os detratores do presidente reagiram com cautela e fizeram votos por seu restabelecimento. Nas fileiras do governo, a mensagem é de unidade em volta do líder, onipresente mesmo quando ausente.

Para López Maya, o governo está desorientado há anos, tentando impor um socialismo distanciado da idiossincrasia do venezuelano.

"Agora que Chávez não está, o motorzinho que estava por trás de tudo, apagando todos os incêndios e tentando resolver tudo, não vejo que a gestão pública vá melhorar", afirmou.Fonte Ego

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