01/07/2011 07h00 - Atualizado em 01/07/2011 07h00
Projeto simula 'Amazônia do futuro' com ambiente repleto de carbono
Estudo inédito submeterá plantas e animais a efeitos do aquecimento global.
Trabalho em instituto em Manaus envolve 200 cientistas de 9 países.
Denominado Adapta (Centro de Estudos da Adaptação da Biota Aquática da Amazônia, na tradução para o português) o laboratório vai incubar peixes, plantas, anfíbios e insetos (aquáticos e não-aquáticos) em três diferentes salas.
Os ambientes sofrerão variação de temperatura e de emissões de dióxido de carbono, baseado nas previsões feitas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para o ano de 2100. O experimento verá a reação das espécies ao aumento de até 6 ºC na temperatura e às emissões de CO2, simulando o ambiente terrestre em 20, 50 e 100 anos.
Máquinas adquiridas nos Estados Unidos farão o bombeamento de dióxido de carbono nas salas, que ficarão isoladas e impedidas de receber qualquer influência externa. Dependendo dos resultados, o Inpa afirma que o IPCC poderá incluir o impacto registrado nas espécies da Amazônia no próximo relatório da instituição, que será divulgado em 2015.
“Queremos entender como os organismos vivem e se estão acostumados com a mudança natural do ambiente. Outro ponto importante a ser descoberto é se essas espécies conseguirão se adaptar às mudanças feitas pelo homem e que acontecem cada vez mais rapidamente”, afirmou Vera Val, coordenadora de programas aplicados do Adapta.

"Elas ficarão expostas em ambientes com temperatura e CO2 diversificados durante um período de seis meses a um ano ou o tempo que for seu ciclo de vida. No caso dos mosquitos transmissores da dengue e da malária, queremos saber se o aquecimento global pode mesmo aumentar sua população e, consequentemente, disseminar endemias”, disse Vera.
Ainda em fase de testes, esses microcosmos começarão a funcionar a partir de agosto. Os primeiros resultados deverão ser divulgados em até seis meses.
Arca de Noé
Outro foco importante no projeto, que receberá R$ 7 milhões em investimentos feitos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação e Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), será o sequenciamento genético das espécies analisadas, no intuito de guardar dados para futuras pesquisas científicas.

“Será feito o sequenciamento do genoma hoje e também depois do período de incubação (com reflexos da alta temperatura e do excesso de CO2). Queremos saber se há genes resistentes às alterações climáticas que possam contribuir ou prejudicar a evolução da fauna e flora. Também estamos coletando genes de outros animais que não participam dos microcosmos, como o peixe-boi e o boto. Já temos, aproximadamente, 10 mil amostras”, disse Ver Fonte G1
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