19/08/2011 18h47 - Atualizado em 19/08/2011 18h52
Jovem acusada de crime em motel diz que 'ficou cega' e atacou empresário
Verônica afirmou que era apenas amiga do empresário morto em maio no RJ.
Em interrogatório, ela falou que foi violentada pelo pai na infância.
Verônica Verone é interrogada no 3° Tribunal do
Júri de Niterói (Foto: Lilian Quaino)
Verônica Verone, de 18 anos, acusada de matar por enforcamento o amante Fábio Gabriel Rodrigues, de 33 anos, num motel de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, negou na tarde desta sexta-feira (19) ao juiz Peterson Barroso Simões que tivesse tentado matar o empresário. O crime ocorreu no dia 14 de maio.Júri de Niterói (Foto: Lilian Quaino)
Ela, porém, confessou que o atacou com um cinto porque, segundo disse, "ficou cega" quando ele tentou tirar sua roupa e quis agredi-lo. "Agora caiu a ficha, eu não matei Fábio, matei meu pai", disse ela, que alega ter sido violentada na infância pelo pai, já falecido.
A jovem contou em interrogatório no 3º Tribunal do Júri de Niterói que nunca foi namorada de Fábio, e que era apenas amiga dele, embora, segundo disse ao juiz, "ele, às vezes, confundia as coisas" e tinha ciúmes dela com namorados. Ela disse que nunca tiveram relações sexuais e o interesse dela por ele era apenas para sair um pouco de casa, já que a mãe a vigiava muito.
Verônica explicou que eles foram ao motel porque ele queria usar drogas mas, dentro do motel, quando ele a tocou, segundo disse, viu na cara de Fábio o rosto do pai.
"Ele estava muito bêbado e me puxou dizendo 'Vem cá", e começou a tirar meu short. Fiquei cega, vi o rosto do meu pai e quis agredir. Senti até o cheiro do meu pai", relatou ela.
A jovem disse que quando viu sair sangue da boca de Fábio parou assustada e tentou socorrê-lo, porque ele ainda estava respirando. Ela tentou arrastá-lo até o carro, mas percebeu que ele já não respirava mais, contou ao juiz.
Drogas
Ela explicou que na noite do crime se encontrou com ele num bar em Itaipu, em Niterói, e como ele estaria muito bêbado, levou-o até a casa dela onde ele tomou um banho e pediu para beber mais. Ela, então, disse à mãe que iria levar Fábio para a casa onde ele morava com a mãe dele, mas, no meio do caminho, Fábio pediu para parar numa favela para comprar drogas.
Verônica disse ao juiz que o empresário quis ir ao motel para usar a droga e porque achava que estava sendo seguido por policiais depois que saiu da favela. Ela explicou que nunca usou drogas e como usa remédios controlados para combater a síndrome do pânico estava autorizadar a tomar um ou dois chopes uma vez por semana apenas, o que obedecia porque, segundo disse, tinha receio de misturar álcool com remédios.
Crise de choro
Verônica Verone chora durante audiência
(Foto: Lilian Quaino/G1)
Por volta das 18h, quando explicava ao juiz como tinha saído do motel, quando viu que Fábio estava morto, levando o cinto para se desfazer dele depois, ela, que até então, aparentava calma, teve uma crise de choro e o juiz precisou interromper o interrogatório por três minutos, permitindo a seu advogado Rodolfo Thompson, que se aproximasse dela no banco dos réus para acalmá-la.(Foto: Lilian Quaino/G1)
Problemas mentaisMais cedo, como testemunha de defesa, Elizabeth Verone de Paiva, mãe de Verônica disse que na noite da morte do empresário, ele foi com Verônica à casa delas e ele estava muito bêbado. A mãe de Verônica disse que se dava muito bem com Fábio. Ela disse que a filha e Fábio sempre foram muito amigos, que ele tinha muito carinho por ela e a chamava de "meu bebê". Segundo Elizabeth, ele frequentava a casa dela e a chamava de tia.
A mãe contou ao juiz que o pai da jovem, já falecido sempre teve problemas mentais, passou por diversos períodos de internação por causa da esquizofrenia, era usuário de drogas e foi contaminado com o vírus HIV.
A defesa de Verônica sustenta que a jovem tem problemas mentais herdados do pai e pode ter cometido o crime durante uma crise mental. Seus advogados dizem ainda que ela sofreu abusos sexuais na infância.
PressãoNo dia 29 de julho passado, o juiz Peterson Barroso Simões, da 3ª Vara Criminal de Niterói, ouviu o depoimento de 14 testemunhas de acusação. Um dos principais depoimentos foi de um amigo de Fábio, que esteve com ele até poucas horas antes de sua morte, e que confirmou que Verônica exercia muita pressão para continuar o relacionamento que ele queria terminar. Segundo a testemunha, ela telefonava insistentemente e aparecia de surpresa nos locais onde ele estava.
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Crime O assassinato aconteceu dia 14 de maio em um motel da Região Oceânica de Niterói. Segundo o inquérito, Fábio foi morto por asfixia mecânica, enforcado possivelmente por um cinto.
A polícia também concluiu que Verônica tentou esconder o corpo do empresário. Ela teria arrastado o cadáver, que pesava 90 kg, do quarto do motel até a garagem. Os investigadores excluíram a possibilidade de participação de uma outra pessoa depois da reconstituição do crime, quando Verônica conseguiu arrastar um policial e um saco de areia, ambos com o mesmo peso de Fábio.
Presa desde maio, ela pode pegar até 30 anos de prisão, segundo a delegada.Fonte g1
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