14/08/2011 11h38 - Atualizado em 14/08/2011 11h38
Médica brasileira encara guerra civil líbia para trabalhar em Misrata
Natural de Niterói (RJ) esteve na cidade com os Médicos Sem Fronteiras.
Falta de técnicos de saúde é problema grave no país, conta.
Carolina conta que encontrou na Líbia um quadro bem diferente do que costuma ver nos países para os quais viajam os MSF. Geralmente são nações extremamente pobres e com infraestrutura muito precária. A Líbia, contudo, tinha um Índice de Desenvolvimento Humano maior que o do Brasil antes do início da guerra e um sistema de saúde relativamente bem estruturado.

Assim, os MSF se concentraram em treinar mão-de-obra local para ajudar os médicos em três diferentes hospitais. “Desde o começo, os alunos de medicina, em alguns casos até se mudaram para os hospitais para ajudar”.
Isolamento
A logística para receber suprimentos também é problemática em Misrata. Com a zona de exclusão aérea determinada pela ONUI, tudo precisa chegar por navio. Os MSF em si tiveram de voar até Malta para então navegar 30 horas pelo Mediterrâneo em direção à cidade.
Carolina conta que viu pouco da vida cotidiana em Misrata. Ela e seus colegas seguiam regras de segurança estritas, deslocando-se apenas entre os hospitais que atendiam e uma casa alugada – e protegida por sacos de areia –, onde dormiam.

Ela conta que, com o acirramento do conflito, os pacientes com doenças não relacionadas com a violência acabavam sendo deixados de lado para que houvesse prioridade aos feridos. Uma das ações dos MSF em Misrata foi reforçar o atendimento a esses negligenciados. “Tivemos mais de 500 partos em um mês. Era bom ver que estávamos conseguindo atender esse tipo de problema”, lembra Carolina.
Mas o conflito armado acaba fazendo muitas vítimas entre as pessoas que não estão engajadas em combate. “Tinhamos pessoas que vinham diretamente do campo de batalha, mas vi muitas vezes crianças que perdiam braço, perdiam olho. É muito triste ver isso. Você acha que a guerra vai afetar só os soldados, mas vê que todos são afetados”, lamenta.
Carolina foi substituída por outro brasileiro, Sérgio Cabral, na liderança da missão dos MSF em Misrata.Fonte g1
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