domingo, 11 de setembro de 2011

1/09/2001: 11 motivos para não esquecer

1/09/2001: 11 motivos para não esquecer

10
set
16h18
WTC 3 11/09/2001: 11 motivos para não esquecer
O telefone tocou mais cedo que o normal. Ao invés do som seco do despertador, era realmente um toque, que o identificador de chamadas denunciava ser do celular da diretora de jornalismo de Brasília na época, Elma Almeida. Escutei longe um “Vem pra cá que o mundo tá acabando!” – dizia ela com tom assustado. Não dava para pensar que era uma brincadeira. Em menos de 30 segundos ela me explicou o que acabara de acontecer e já estava escovando os dentes para seguir em direção ao Palácio do Planalto.
Nesse dia todos andavam mais rápido que o normal. Nem mesmo uma simpática cadelinha que perambulava por ali – e era alimentada ocultamente, à noite, pelos guardas presidenciais – saiu da “toca” para dizer bom dia. Não parecia ser um dia bom para ninguém. Minha tarefa ali era estar posicionado para entrar ao vivo, a qualquer minuto, com qualquer pronunciamento sobre o assunto, vindo do presidente Fernando Henrique Cardoso ou do ministro das relações exteriores.
Não preciso contar a história para ninguém. Todo mundo sabe como foi o choque para autoridades de todas as esferas: executivo, legislativo e judiciário. Naquele dia entrei pelo menos umas 30 vezes no dia ao vivo, em rede, para atualizar toda e qualquer movimentação política em Brasília. O que o nosso governo diria? Como se posicionaria internacionalmente diante de um ato de terrorismo sem precedentes na história do mundo? Ainda pelo monitor que ficava em minha frente via o momento em que a torre norte - segunda a ruir - entrava em colapso.
WTC 2 11/09/2001: 11 motivos para não esquecer
As câmeras estão aí para isso e registram tudo. Viamos imagens não editadas, que chegavam de agências internacionais para a sede da empresa, mas que eram replicadas no cominhão de link que estava conosco. Eram cenas que dificilmente seriam selecionadas, naquele momento, para irem ao ar. Depois absolutamente tudo foi parar na internet e até mesmo na televisão.

Só é pena que câmeras de todo o mundo que estavam focadas e enquadradas em repórteres como eu, prontos para entrar no ar, não tenham gravado a reação de cada um de nós quando vivos tudo, ao vivo, e prontos para entrarmos ao vivo. Seriam, muito provavelmente, reações de terror como as minhas, a do cinegrafista e a do auxiliar que segurava um rebatedor de luz na altura de minha cabeça, com os braços totalmente esticados. Todos nós ficamos imóveis. A pergunta em comum era: isso está mesmo acontecendo?
WTC 1 11/09/2001: 11 motivos para não esquecer
Procurando emprego - Outro fato que me marcou muito nesse dia foi até engraçado. Sempre conto em palestras para estudantes de jornalismo que tinha uma amiga, que estava em busca de uma vaga na emissora. Sempre dizia a ela que “qualquer dia” passasse pela redação que eu a apresentaria para nossa diretora de jornalismo. Esse encontro sempre era adiado por um motivo ou outro, nunca acontecia. A única observação que fazia era que ela fosse pela manhã, perto da hora do almoço.
Nesse dia a colega saiu cedo de casa, resolveu algumas coisas na rua e teve a intrépida idéia de me fazer a “visita” devida há semanas. Bem vestida, perfumada e com olhar alegre e confiante ela adentra a redação depois de ser anunciada pela portaria. Não teve sorriso que permaneceu nos lábios ao ver jornalistas malucos, correndo gritando ao telefone e com os olhos colados simultaneamente na tela da CNN e do computador ao mesmo tempo. Ao vê-la dei um abraço e a levei o mais longe possível da sala. Foi para que a diretora de jornalismo não a visse. Não ali, naquela hora, daquele dia fatídico. O dia 11 de setembro de 2001 foi, sem a menor dúvida, um dos piores dias da história do jornalismo contemporâneo para pleitear um emprego daquela forma.
Ela apenas abriu a boca para me perguntar baixo e pausadamente o que estava acontecendo. Eu disse com muito carinho e com olhar que não deixasse nenhuma dúvida do que estava se passando no planeta naquele momento: “o mundo está acabando.” - disse eu.

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