terça-feira, 7 de junho de 2011

No alvo de ofensiva, a Líbia 'encerra operações militares'

Revolta na Líbia

No alvo de ofensiva, a Líbia 'encerra operações militares'

Depois da resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorizava ataque aéreo, Kadafi recua e suspende ofensiva, justificando que só quer proteger civis

Rebeldes líbios agitam bandeiras de seu país e da França na noite de quinta-feira, depois da aprovação da resolução da ONU que abria caminho para bombardeios contra as forças do ditador Kadafi Rebeldes líbios agitam bandeiras de seu país e da França na noite de quinta-feira, depois da aprovação da resolução da ONU que abria caminho para bombardeios contra as forças do ditador Kadafi (Patrick Baz/AFP)
O ditador não quis se arriscar. Depois de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que permitia o início de uma ofensiva militar contra as tropas da Líbia, o governo de Muamar Kadafi ordenou uma "trégua imediata", interrompendo já nesta sexta-feira todas as operações militares contra os rebeldes. Mesmo assim, a França já indicou que a medida não impedirá uma possível ação militar.

O anúncio da trégua foi feito pelo ministro líbio das Relações Exteriores, Musa Kusa, depois que o Conselho da ONU aprovou o texto que previa a adoção de "todas as medidas necessárias" - com exceção única de uma ocupação militar - para proteger os civis líbios. Depois da resolução, forças do Ocidente já preparavam uma ofensiva aérea sobre o país.

O ministro Kussa apresentou uma posição inusitada ao tentar explicar o cessar-fogo: disse que o país obedeceu à ONU porque é um de seus integrantes (apesar de ter extenso histórico de violação das determinações do organismo) e que seu objetivo central era "proteger civis" (apesar dos repetidos bombardeios contra posições rebeldes em regiões habitadas por inocentes).
Após o anúncio, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores francês, Bernard Valero, ressaltou que ainda é preciso manter a cautela. "Kadafi agora está começando a ficar com medo, mas a ameaça na Líbia ainda não mudou", apontou.

Intervenção - França, Grã-Bretanha, Catar e Noruega confirmaram na manhã desta sexta-feira que participarão das intervenções militares na Líbia. As operações internacionais, que incluem ataques e a implementação de uma zona de exclusão aérea, aconteceriam "em algumas horas", segundo o porta-voz do governo da França, François Baroin.
Fontes diplomáticas francesas disseram que os Estados Unidos e um dos estados árabes podem se unir à operação, e a cooperação seria detalhada em uma reunião que Sarkozy espera realizar neste final de semana. O governo espanhol colocará à disposição da Otan duas bases militares e outros recursos, sob prévia autorização do Parlamento. O anúncio foi feito nesta sexta pela ministra espanhola da Defesa, Carme Chacón.
Já o governo alemão informou que não participará da operação militar contra a Líbia, mas está disposto a substituir com seus soldados os de outros países que saírem do Afeganistão para ir para o norte da África. A Alemanha deve propor a seus parceiros na Otan que técnicos militares das Forças Armadas alemãs (Bundeswehr) substituam especialistas de outros exércitos para operar as aeronaves Awacs de acompanhamento e espionagem aérea.
Resolução - O Conselho de Segurança da ONU aprovou na quinta-feira o uso da força para deter o avanço das forças de Kadafi sobre os insurgentes, embora seu governo tenha anunciado que pretende cumprir o cessar-fogo. Em resposta imediata, o ditador líbio disse que transformará em um inferno a vida de qualquer um que atacar o país.
Saif al Islam Kadafi, um dos filhos do ditador, afirmou que a Líbia não tem medo da intervenção militar. "Venham! Não vão ajudar o povo se bombardearem a Líbia para matar líbios. Destruirão nosso país. Ninguém está feliz com isso", disse ele, de Trípoli, ao programa Nightline, do canal americano ABC.

Reunião - A União Europeia, a União Africana e a Liga Árabe se reunirão no próximo sábado em Paris na presença do secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, para discutir o conflito na Líbia, anunciou nesta sexta-feira Hicham Yusef, representante da organização pan-árabe.
"A Liga Árabe recebeu um convite por parte da França para participar de uma cúpula entre a União Europeia, a União Africana e a Liga Árabe, que acontecerá na manhã de sábado e não deve durar mais de um dia, para abordar a situação na Líbia e discutir maneiras de colocar em prática a resolução da ONU", explicou Yusef, chefe de gabinete de Amr Musa, diretor da Liga Árabe.

Refugiados - Autoridades da ONU (Organização das Nações Unidas) afirmaram nesta sexta-feira que 300.000 pessoas já fugiram da Líbia. A população teme que as represálias por parte das forças de Muamar Kadafi piorem com a ameaça das potências mundiais de atacar o país.
Segundo a porta-voz da agência de refugiados da ONU, Melissa Fleming, os números permanecem estáveis, com cerca de 1.500 a 2.500 pessoas por dia atravessando as fronteiras de Líbia. O porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, Rupert Colville, ressaltou que a organização teme que represálias contra os líbios piorem o cenário Fonte Veja

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