09/06/2011 08h39 - Atualizado em 09/06/2011 08h39
Os 90 minutos de emoção do capitão Fernando Prass na conquista do título
GLOBOESPORTE.COM acompanha todas as reações do goleiro, que revela suas manias e admite que sofreu a melhor derrota da vida

A todo instante, Fernando Prass ajeitava o meião. Com o time no ataque, fixava bem o olhar torcendo pelos companheiros. Quando a bola estava com o Coritiba, passava a orientar a sua defesa. Nos cinco gols do jogo, repetiu o ritual de ficar embaixo do travessão e tocá-lo com as duas mãos antes de a bola voltar a rolar. Nos momentos difíceis, cavava uma falta ou valorizava uma defesa. Ganhava tempo. Foi o jogador mais xingado pelos torcedores do Coritiba. Por isso travou um duelo particular com o árbitro Sálvio Spinola.

contra o Coritiba (Foto: Ag. Estado)
Mas em seguida vieram os gols do Coritiba. Tanto no de Bill como no de Davi, o comportamento foi o mesmo. Nada de reclamar com os companheiros ou ter alguma reação intempestiva - algo que diz nunca ter feito na carreira. Lamentou em voz baixa para si mesmo, ajeitou o meião e, pela terceira vez na noite, repetiu o ritual de encostar no travessão, respirar e ir até a entrada da pequena área esperar o recomeço do jogo. Prass admite que é mesmo uma mania que tem.
- É a hora de zerar, de começar de novo... Na hora em que fazemos ou sofremos um gol, a adrenalina sobe muito. Quando para embaixo da trave, respiro, estico os braços e volto a focar na partida. O goleiro é uma peça important,e que precisa orientar os companheiros o tempo todo. Se não fizer aquilo acabo me perdendo - explicou.
O único momento da partida em que reclamou em voz alta foi no gol de Willian, o terceiro do Coritiba. Apesar de a bola ter sido indefensável, Fernando Prass se cobrou muito. E acabou criando sua segunda confusão na noite ao tentar impedir que Bill buscasse a bola no fundo da rede. A atitude gerou irritação dos rivais e acabou tendo como consequência um cartão amarelo aplicado por Sálvio Spinola.

(Foto: Rafael Cavalieri / Globoesporte.com)
A última intervenção foi em um momento decisivo, nos minutos finais, quando o Vasco era bastante pressionado. Quando dividiu uma bola no alto e levou a mão na lombar. Ganhou 92 segundos e o árbitro só adicionou um minuto nos acréscimos (dando, na verdade, apenas mais 30 segundos). Ali, Sálvio mais uma vez foi conversar com o goleiro. Depois, de cabeça fria e bom humor, Prass admite que tem um jogo de cena.
- A gente acaba esfriando o jogo. Não adianta, todos sabem fazer isso e os rivais também usariam caso estivessem com a vantagem. Mas eu senti dores sim (risos). E tive de ser atendido, não é? O Sálvio sabe. Futebol é isso, quem perde reclama mesmo - afirmou o camisa 1, que, como capitão, tinha de ser a voz dos jogadores em campo.
- Falei muito mesmo com o Sálvio. Mas é difícil comentar o trabalho dele. Tem muita pressão. Só que o Bill, por exemplo, fez seis faltas seguidas. Ele tinha de receber o amarelo. Eu mesmo tomei porrada, mas ele dizia que era falta de jogo. Aí eu ia lá e rebatia: "Falta de jogo? Tudo bem, mas seis seguidas pode?". Eu tinha de defender o meu lado e acabei falando muito mesmo - admitiu.
'A melhor derrota da minha vida'
A noite foi ainda mais especial. O título da Copa do Brasil foi seu primeiro como capitão. O gol da conquista acabou sendo o de Eder Luis e a reação quando ele saiu foi semelhante ao do primeiro. A diferença é que como ele estava longe da torcida vascaína, a corrida terminou com um abraço caloroso no médico Alexandre Campello e no fisioterapeuta Marcos Oliveira. Anderson Martins também o abraçou neste que foi um momento extremamente feliz em uma derrota. A frase resume bem o sentimento.
- Foi a melhor derrota da minha vida! É uma emoção incrível. Depois do pior começo no Carioca vemos o mesmo grupo terminar com uma conquista histórica. É exemplo de vida. Para quem, como eu, chegou ao Vasco na Série B, a conquista fica ainda mais saborosa. Escutamos muitas críticas covardes, sofremos demais, mas demos a volta por cima. Agora é comemorar - vibrou.
![]() Fernando Prass comemora com o filho nos ombos | ![]() |
![]() Marca da pilha que atingiu a cabeça do goleiro | ![]() |
- Você foi demais hoje - disse o dirigente.
Minutos depois veio o encontro com o diretor de futebol Rodrigo Caetano. Um longo abraço. Nova emoção de ambos os lados.
- O Vasco merecia muito este título. Lutamos muito. Cheguei em um momento muito difícil para o clube. Mas fomos nos levantando novamente, nos recuperando. E agora conquistamos este título inédito e muito importante. Não lembro de uma final tão difícil, tão dramática. Foi lindo - disse o goleiro.

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