domingo, 24 de julho de 2011

Câmeras comprovam a existência das últimas onças-pintadas do ES

22/07/2011 07h00 - Atualizado em 22/07/2011 07h00

Câmeras comprovam a existência das últimas onças-pintadas do ES

Projeto monitora os nove animais restantes na Mata Atlântica no estado.
Conservação inclui proteção de espécies das quais os felinos se alimentam.

Eduardo Carvalho Do Globo Natureza, em São Paulo
Câmeras instaladas no interior da Reserva Natural Vale, uma das poucas áreas de Mata Atlântica ainda preservadas no Espírito Santo, comprovaram a presença no local de um grupo de nove onças-pintadas, sendo três machos e seis fêmeas.
Os felinos são monitorados há cinco anos e a confirmação da existência de nove diferentes indivíduos é animadora e ao mesmo tempo preocupante: os pesquisadores afirmam que estes exemplares podem ser os últimos da espécie ainda presentes no estado.
Consideradas “indicadores de qualidade ambiental” por causa do grande espaço que demandam para circular e se alimentar, as onças-pintadas podem sofrer com a interferência humana ou mesmo desaparecer devido a falta de ações de conservação.
“Não sabemos a quantidade de onças-pintadas que existiam no estado antes. Entretanto, esses animais encontrados e classificados como população residente da reserva são os últimos existentes na Mata Atlântica no Espírito Santo”, afirmou Ana Carolina Srbek, bióloga e coordenadora do Projeto Felinos, que monitora as espécies presentes na reserva.
Onça-pintada é flagrada por câmera noturna na Reserva Natural da Vale, no Espírito Santo (Foto: Divulgação/Projeto Felinos)Onça-pintada é flagrada por câmera automática na Reserva Natural Vale, no Espírito Santo (Foto: Divulgação/Projeto Felinos)
Genética
Ana Carolina e sua equipe capturaram imagens e identificaram os animais que vivem na área de floresta. Eles agora vão analisar a variabilidade genética das onças e organizar um conjunto de informações que pode ajudar na estruturação de planos para a proteção da espécie.
“Serão mostrados os primeiros indicativos de que a espécie está entrando em colapso, como ela tem se adaptado às mudanças naturais do clima, às doenças e também como está a sua alimentação. Quanto a isso, paralelamente é feito um trabalho de manutenção das populações de outros animais que fazem parte da cadeia alimentar das onças-pintadas”, disse a bióloga. Os primeiros dados começam a ser divulgados em setembro.
Segundo ela, projetos de conscientização são feitos com moradores próximos à reserva para combater ações de caça de animais como veados, cutias, pacas e quatis, que fazem parte do regime alimentar das onças-pintadas. “Se nada for feito, até 2100 esta espécie poderá ter desaparecido”, afirma Ana Carolina.
Em outra parte da reserva, câmera registra outro exemplar da espécie. Os nove animais são consideradas as últimas onças-pintadas que vivem em ambiente natural no Espírito Santo (Foto: Divulgação/Projeto Felinos)Em outra parte da reserva, câmera registra outro exemplar da espécie. Os nove animais são consideradas as últimas onças-pintadas que vivem em ambiente natural no Espírito Santo (Foto: Divulgação/Projeto Felinos)
Preservação
A reserva, localizada em Linhares (ES) e pertencente à companhia Vale, faz parte de um sistema natural composto ainda pela Reserva Natural de Sooretama, administrada pelo Instituto Chico Mendes Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A área tem cerca de 46 mil hectares de mata nativa (460 km²), um espaço maior que a Ilha de Santa Catarina, e representa 10% de toda cobertura original do bioma no Espírito Santo.
O local é cortado pela rodovia federal BR-101, que liga o Sul do país ao Nordeste. Com a estrada atravessando as duas reservas, com automóveis e caminhões em alta velocidade, existe o risco de os animais serem atropelados, diminuindo ainda mais a quantidade de espécimes no estado.
“O último caso de onça-pintada atropelada aconteceu em 2003. Mas sempre vai existir o risco de perda de animais se não existir uma solução palpável, como a implantação de redutores de velocidade nessa região”, aponta.
A Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros que mais sofreu degradação, restando atualmente 7,5% da sua cobertura original. Segundo informações do Projeto Felinos, outros exemplares ainda não quantificados de onças-pintadas estão distribuídos por parques estaduais existentes em Minas Gerais, São Paulo e Paraná.Fonte g1

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