quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Líderes ocidentais visitam a Líbia, e rebeldes entram na cidade de Kadhafi

15/09/2011 15h59 - Atualizado em 15/09/2011 16h03

Líderes ocidentais visitam a Líbia, e rebeldes entram na cidade de Kadhafi

Cameron e Sarkozy manifestaram apoio ao novo governo provisório.
Combatentes do novo regime começaram ataque a Sirte, disse comando.

Da AFP
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, foram recebidos como heróis nesta quinta-feira (15) na Líbia, no mesmo momento em que as forças do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião anti-Muammar Kadhafi, anunciavam a entrada de suas tropas em Sirte, cidade-natal e um dos redutos do coronel.
Primeiros líderes ocidentais a visitarem a Líbia depois da queda de Kadhafi, no poder desde 1969, Sarkozy e Cameron chegaram e foram cercados por uma multidão na cidade de Benghazi, que serviu de "capital" aos rebeldes durante os mais de seis meses de insurreição contra o regime.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, discursa nesta quinta-feira (15) em Benghazi, sede da rebelião que derrubou Kadhafi (Foto: AP)O presidente da França, Nicolas Sarkozy, discursa nesta quinta-feira (15) em Benghazi, sede da rebelião que derrubou Kadhafi (Foto: AP)
O presidente francês afirmou durante uma coletiva de imprensa conjunta com Cameron e com os líderes do CNT em Trípoli, que Muammar Kadhafi, foragido desde o dia 23 de agosto, é ainda um perigo e que, portanto, ainda há trabalho a ser feito. O primeiro-ministro britânico prometeu ajuda nesta tarefa.
"O compromisso da Otan com a Líbia não terminou", acrescentou o chefe de Estado francês.
"Devemos continuar com a missão da Otan até que todos os civis estejam protegidos e até que nosso trabalho termine".
"Nós ajudaremos vocês a encontrar Kadhafi para apresentá-lo à justiça", disse o primeiro-ministro britânico.
Cameron explicou que a Otan, que lidera as operações militares desde o dia 31 de março, manterá sua missão até que todas as cidades e regiões líbias, principalmente Sirte e outras localidades do Saara, sejam libertadas do controle dos pró-Kadhafi.
"Vamos manter a missão da Otan por todo o tempo necessário sob o mandato da resolução de 1973 das Nações Unidas para proteger os civis", explicou.
"Este trabalho não terminou. Ainda há partes da Líbia controladas por Kadhafi", lembrou. "Aqueles que pensam que Kadhafi ainda tem algum lugar no governo ou no país, devem eliminar essa ideia. Não há chances. Chegou a hora de ele partir".
Depois destas declarações as Forças Armadas do Conselho Nacional de Transição (CNT) em Misrata afirmaram que seus combatentes entraram em Sirte, cidade situada a 360 km ao leste Trípoli.
"Nossos revolucionários entram em Sirte hoje (quinta-feira) por três acessos principais", afirmou o Conselho militar de Misrata, a grande cidade rebelde, em um comunicado.
"Eu confirmo que nossas forças estão em Sirte (...) Ainda há resistência, mas nossos combatentes podem superar", afirmou à AFP um porta-voz militar de Misrata, Fathi Bachaga. "Eles nos atacam com morteiros de 40 e 43 mm e todos os tipos de armas".
Em Trípoli, Sarkozy pediu que não houvesse "vingança" nem "acerto de contas" e fez um apelo aos países que receberam líbios procurados pela justiça internacional.
"Nós dissemos ao CNT que são os líbios que devem construir o futuro deles, que devem escolher seus líderes", disse o presidente francês.
Ele deseja que o CNT mantenha sua "unidade", "o bem mais precioso para todos", e é "esta unidade que permitirá que haja um período de transição, as próximas eleições e a próxima Constituição".
Nicolas Sarkozy e David Cameron visitaram durante aproximadamente uma hora um hospital da capital líbia, onde foram recebidos com alegria e puderam conversar com os feridos.
Questionado se as palavras bradadas durante seu percurso o deixaram feliz, Sarkozy respondeu: "Não é uma questão de felicidade, é extramente comovente ver os jovens árabes se voltarem a estes dois grandes países ocidentais para agradecerem. Isso prova que os conflitos entre o Ocidente e o Oriente não é deforma alguma uma fatalidade".
Em Benghazi, o presidente francês disse que acredita em uma "Líbia unida, e não em uma Líbia dividida", enquanto Cameron afirmou ser "extraordinário estar em uma Benghazi libertada, em uma Líbia livre".
"Vocês quiseram a paz, quiseram a liberdade e querem o progresso econômico. A França, o Reino Unido e a Europa estarão do lado do povo líbio", afirmou o Sarkozy.
"A cidade de vocês é fonte de inspiração para o mundo. Vocês expulsaram um ditador e escolheram a liberdade", disse Cameron à multidão.
No plano econômico, um porta-voz de David Cameron afirmou que o Reino Unido desbloqueará "aproximadamente 600 milhões de libras (688 milhões de euros) líbios que haviam sido congelados por resolução das Nações Unidas".
Em torno de 12 bilhões de libras (aproximadamente 14 bilhões de euros) líquidos e outros ativos (imobiliários, etc) do regime do coronel Kadhafi foram congelados no Reino Unido em fevereiro.
Enquanto isso, a Rússia anunciou o desejo que o Conselho de Segurança da ONU acabe com a zona de exclusão aérea na Líbia. Moscou, que permitiu a criação da zona de exclusão ao se abster da votação em março na ONU, tem sido duramente criticado pelos países ocidentais por afirmar que eles ultrapassaram os limites do acordo das Nações Unidas.
Em mensagem transmitida na quarta-feira à noite, o coronel Kadhafi acusou a Otan de "terrorismo e destruições indescritíveis em Sirte", segundo o canal televisivo Arra¯ de Sirte que transmite regularmente suas mensagens.
Seu porta-voz Mussa Ibrahim acusou no mesmo canal que combatentes do CNT "deixaram regiões inteiras com fome para obrigá-las a rendição", referindo-se aos redutos pró-Kadhafi, citando principalmente Sirte e Bani Walid. Fonte G1

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